Conselhos
8/02/2014:
A agenda da Tribo Edição 2014/2015 publicou três poemas de Cel Prado; todos os três disponíveis aqui no Finuras. As capas esse ano estão lindas. Gostaria de ter uma de cada das que mais gostei. E muitas poesias legais, viu gente? Tão bom fazer parte disso. Tanta gente que como eu dá um jeito de arrumar em verso as coisas que fazem seu coração pulsar...
Segue a versão completa do poema de Cel Prado que é possível conferir na Agenda, em parte:
Sobre o querer
Eu quero tudo que não tenho.
e metade das coisas que tenho eu quero também.
Alguém pra chamar de meu,
minha cabeça leve no travesseiro,
sem medo de escorpião.
Oração para proteção do lar.
Eu quero tudo que tenho.
E metade das coisas que não tenho faço questão de querer também.
Só as lembranças bonitas,
meu sobrinho com a cabeça em meu ombro,
roupa lavada no varal.
Tudo que tenho eu quero.
Querendo ter mais do que tenho,
sem desperdiçar.
Música bonita tocando em meus ouvidos,
nem calor, nem frio.
Ou frio, debaixo das cobertas.
Minha filha comendo tudinho,
cada coisa em seu lugar.
As coisas que tenho são muitas.
As que não tenho são mais.
Não quero ter tudo que vejo.
Eu vejo coisas demais.
Não tenho certeza do querer,
às vezes queria entender.
É que o desejo não deixa tudo explicado.
E nem sempre eu quero vasculhar...
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29/11/2012:
Pessoal,
Meu conselho é um convite.
A Agenda da Tribo, edição 2013/2014, publicou um poema de Cel Prado, bem na primeira pagina. E há vários outros de diversos poetas. Pra quem gosta de poesia no seu dia a dia, é um boa pedida.
Disponível nas melhores lojas do ramo e ainda no site https://loja.livrodatribo.com.br/
Beijos,
Cel Prado.
Fome do que não se come, exatamente.
Sede do que não se vê, completamente.
Falta do que não se sabe, simplesmente.
E para a ausência do que não se traduz:
a poesia.
E o esforço fecundo de dizer o indizível.
Cel Prado
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15/07/2012:
O Conselho de hoje é cinematográfico, com alguma pitada literária.
O filme Na Estrada (On the road, in english), baseado no livro de Jack Kerouac, escrito em 1951, publicado somente em 1957, tem direção de Walter Salles, o que já é motivo suficiente para querermos assistir.
Como todo filme que conta historias de uma viagem, tem essa estranha magia que nos faz querer colocar uma mochila nas costas e seguir nossa propria rota. As pessoas mudam quando viajam em busca de si mesmas, ou em busca de algo que dê sentido às suas vidas. E bons filmes que tratam disso têm um efeito grande sobre nós.
Eu não li o livro, mas vi o filme. Os jovens descobrindo coisas: o sexo, as drogas, a amizade, a coisa de não pertencer e de mesmo assim querer o outro, tudo que sua companhia pode lhe proporcionar. essa coisa de fazer parte de um grupo e de não ser o mesmo sem ele. O encontro inevitável com a vida adulta, de responsabilidades e de repetições indesejadas dos velhos modelos.
É tanta coisa.
Mas pra combinar especialmente com o Finuras, não posso deixar de comentar sobre os trechos em que o personagem principal, Sal Paradise, trava duras batalhas para fazer nascer no papel a poesia que enxerga no mundo, nas pessoas e que carrega dentro de si mesmo. As experiências nas viagens e especialmente os momentos que tem com Dean, o amigo impulsivo e cativante cujo aparecimento muda radicalmente sua vida, querem ser expressos, mas ele não sabe direito como fazê-los sair direto do peito para as palavras. É bonito ver isso acontecer. A explosão no final que revela o jeito intenso e furioso com que o jovem escritor transforma tudo que vimos no filme nas narrativas do livro.
Vale muito a pena!
https://www.naestradaofilme.com.br/
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14/06/2012:
No Conselhos de hoje, trago um poeminha que saiu na última edição da Piauí (69), que trata de assunto que já trouxe aqui pro Finuras: pra que serve a poesia? O poeta Fabrício Corsaletti acredita que, desse jeito, estamos fazendo a pergunta errada:
PERGUNTA ERRADA
a questão não é
para que serve a poesia
mas sim para o que ela não serve
algumas hipóteses –
ao contrário do que se pensa
a poesia não ajuda na caça às mulheres –
no máximo elas se tornarão suas amigas –
nem é indicada para aumento de pênis
a poesia é ruim
no quesito ressurreição dos mortos
além de ser incapaz de evitar o luto
para fritar torresmos
ainda é melhor banha de porco
do que poesia
e quem escreve para ser eterno
mais cedo ou mais tarde se desapontará
até mesmo Shakespeare está com os dias contados
– para todo o resto a poesia serve
e serve muito bem
In: https://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-69/poesia/para-o-que-ela-nao-serve
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Um velho ditado diz que se conselho fosse bom, seria vendido, não é? Ainda assim, resolvi chamar essa nova inventação do meu Finuras de "Conselhos", com sugestões de coisas pra vocês lerem. Coisas que vi e me encantaram e que divido com vocês. Aceito sugestões também.
N'outro dia, li na Revista Piauí, um texto em despedida e homenagem à poeta polonesa Wislawa Szymborska, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 1996, que se despediu no dia 1º de fevereiro de 2012, aos 88 anos de idade. Compartilho com vocês uma das suas belas poesias e o link para lerem a matéria completa na Revista. Beijos. Cel Prado.
EXEMPLO
O vendaval
à noite arrancou todas as folhas de uma árvore,
menos uma,
deixada
para balançar só num galho nu.
Com este exemplo
a Violência demonstra
que sim –
às vezes ela gosta de se divertir.
Wislawa Szymborska
https://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-66/despedida-wislawa-szymborska-1923-2012/a-poeta-e-a-pedra