Em dia de saudade

15-02-2011 18:43

 

 

Eu acordei ensaiando um presente.
E se eu trouxesse flores?
E uma caixa de chocolates finos, desses de loja especializada?
Um pão com nozes feito em casa?

Ela não veio e eu pensei assim:
E se eu for lhe fazer uma visita?
E se ela tiver saído? Ido ao médico?

Eu estava tão sem jeito.
Queria dar meu sentimento. De dizer que também sofro.
Não de saudades que não tive o prazer de conhecê-la. Não de fato.
Conheci, assim, bem rápido. Desse jeito que a gente tem de conhecer os outros, sem conhecer nada mesmo de verdade.
Mas que sofro de vê-la assim, tão cheia de saudades.
E de lembrar que, daqui mais uns dias, vai ser a hora de eu lembrar que também perdi alguém que muito amava.

Queria dizer, sem dizer mesmo, que estou aqui e sinto o que ela sente. É isso. Achei o tom da minha conversa.
Queria era chorar com ela, que já fiz isso outras vezes.
Queria derramar as minhas lágrimas em sua homenagem. Dar as minhas lágrimas de presente.
Dividir com ela a minha dor.

E foi assim que eu comecei querendo dar alguma coisa
E terminei esperando receber.

E recebo assim o que já recebi algumas vezes.
Nem foram tão raras, mas é que a gente se perde no meio dos nós em que o cotidiano nos enfia.
Recebo seu abraço confortável de quem divide comigo o mesmo sentimento de mundo. O mesmo não, que todo mundo é de um jeito diferente.
Mas um sentimento de mundo.
Recebo seu sentimento de mundo e lhe dou em troca o meu sentimento de mundo. Hoje tristonho, de saudade, mas cheio de amor.
Dedico, com todo amor, meu poema, feito assim, totalmente em sua homenagem.