sem dizer adeus

Será que eu tenho força pra começar de novo?

Dizer tudo outra vez, ainda que de outro jeito?

Será que eu arrumo outras palavras

pra tudo que eu tenho aqui dentro?

Será que eu dou conta de soar repetitiva

(pra mim mesma?).

Acho que não.

Acho que aprendi a lição.

Voltei ao ponto zero,

Comecei não de onde parei.

(Mas eu era outra).

E mexi outra vez.

nos monstros que andavam adormecidos.

Arranquei as cascas das feridas,

como se quisesse vê-las sangrar de novo.

Porque sangue é vida.

Acho que não.

Não acho que a sorte bate duas vezes na mesma porta.

Não quero esperar que outra pessoa

possa ouvir do mesmo jeito,

enxergar do mesmo jeito,

perguntar do mesmo jeito,

acertar do mesmo jeito.

Não quero correr o risco,

de ser compreendida de novo,

e ter que dizer adeus mais uma vez.

Pádua, obrigada por tudo.

Desejo que, no seu caminho, haja sempre muita luz.