Teste de 27/09/2011
Toni Morrison é a minha escritora preferida. Será que a Adélia Prado vai ficar enciumada?
Não é sem motivo que as duas são mulheres e conquistaram o meu coração de mulher apaixonada.
Sua escrita (Toni) é feminina e complexa. O fato de incluir a temática da experiência negra em todos os seus romances só a faz ainda mais admirável.
Ela nasceu em Lorain, no estado de Ohio, Estados Unidos, em 1931 e começou a escrever no final dos anos sessenta, quando se separou do marido, com dois filhos pequenos. Recebeu o Prêmio Pulitzer, em 1988 e o Nobel de Literatura em 1993.
O trecho que publiquei no Poesiômetro é do livro Jazz, que é parte da trilogia que tem mais dois títulos: Amada (1987) e Paraíso (1997). Em Jazz, Toni conta a história de um casal que, nos anos 20, sai do lugar de onde mora, no interior, para uma cidade grande nos EUA, em busca de melhores condições de vida, de modernidade e fugindo do forte racismo. No ambiente urbano havia mais oportunidades de trabalho e o glamour das festas e da música afroamericana.
O marido de Violet se apaixona por uma moça mais nova; tem um caso com ela, mas é abandonado quando ela se apaixona por outro homem. O amante, enciumado, mata a ex namorada e Violet, sabendo da traição, vai ao enterro e tenta cortar o rosto da morta.
O livro traz uma descrição adorável da confusão intensa que se passa no coração de Violet e o trecho, em especial, apresenta a estratégia que a personagem usa de se aproximar da amante morta, como modo de sobreviver à dor de ter sido rejeitada:
“O plano seguinte de Violet — se apaixonar de novo pelo marido — acabou com ela em vez de lhe dar algum apoio. Lavar os lenços dele e pôr a comida na mesa na frente dele era o máximo que ela conseguia. Um silêncio envenenado pairava pelos cômodos como uma grande rede de pesca que só Violet rasgava com ruidosas recriminações. O desalento diurno de Joe e as noites preocupadas dos dois devem tê-la esgotado. Então ela resolveu amar — bem, investigar — a garota de dezoito anos cuja carinha cor de creme ela tentara cortar mesmo que nada além de palha tivesse saído ali de dentro. De início, Violet não sabia nada a respeito da moça, a não ser seu nome, idade e que ela era muito considerada no salão de beleza legalizado. Então começou a reunir o restante das informações. Talvez ela pensasse que iria resolver o mistério do amor assim. Boa sorte e me conte como foi”.
Não vou dizer a vocês como foi, pois espero que leiam o livro e comentem comigo sobre o que sentiram. Termino, com as palavras da minha autora predileta que disse do seu jeito mesmo, aquilo que explica o seu jeito mesmo de escrever:
“No final de meus livros, os personagens têm uma sabedoria que não tinham no começo. Há um raio de lucidez que os ilumina. Mas, digamos que o paraíso não existiria se o mundo inteiro fosse admitido nele”.
Toni Morrison
Obrigada pelos votos. Sei que teve gente que arriscou, sem saber...